domingo, 9 de maio de 2010

O que é amizade?

De acordo com Mario Quintana "A amizade é um amor que nunca morre.", a qual eu concordo plenamente, mas vivo me perguntando o que são então as pessoas que eu conheci por todo esse meu tempo de vida a não ser amigos, aqueles que eu não falo mais porq mudei de escola, ou que briguei, os que eu troquei por novos amigos, ou então enjoei. Será que foi o amor quem acabou? Ou não era amizade?
Acredito que um amigo de verdade é aquele que tira do dele e dá pra você, ou melhor, dividi com você. A amizade nada mais é que uma troca simultânia de carinho, amor, fidelidade e até mesmo compaixão. Será que alguns desses amigos já fizeram isto por mim? É claro que não; mas e eu, fiz isto por eles? Acredito que não tbm.

Jô Soares disse: "Não há amizade, que por mais profunda que seja que resista a uma série de canalhices."

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O amor por entre o verde

Não é sem frequência que, à tarde, chegando à janela, eu vejo um casalzinho de brotos que vem sobre a pequenina ponte de balaustrada branca que há no parque. Ela é uma menina de uns treze anos, o corpo elástico metido nuns blue jeans e num suéter folgadão, os cabelos puxados para trás num rabinho-de-cavalo que está sempre a balançar para todos os lados; ele um garoto de, no máximo, dezesseis, esguio, com pastas de cabelo a lhe tombar sobre a testa e um ar de quem descobriu a fórmula da vida. Uma coisa eu lhe asseguro: eles são lindos, e ficam montados, um em frente ao outro, no corrimão da colunata, os joelhos a se tocarem, os rostos a se buscarem a todo momento para pequenos segredos, pequenos carinhos, pequenos beijos. São na extrema juventude, a coisa mais antiga que há no parque, inclusive velhar árvores que por ali espapaçam sua verde sombra; e as momices e brincadeiras que se fazem dariam para escrever todo um tratado sobre a arqueologia do amor, pois têm uma tal ancestralidade que nunsa se há de saber a quantos milênios retomam.
[...] Quem será, pergunto-me eu em vão, dessas duas crianças que tão cedo começam a praticar os ritos do amor? Prosseguirão se amando, ou de súbito, na sua jovem incontinência, procurarão contato de outras bocas, de outras mãos, de outros ombros? Quem sabe se amanhã, quando eu chegar à janela, não verei um rapazinho moreno em lugar do louro ou uma menina com a cabeleira solta em lugar dessa com cabelos presos? [...]
(Vinícius de Moraes)